A véia crente e o metaleiro


    A busca por um mundo melhor e menos preconceituoso... Claro, somente para mim.

É do conhecimento de poucos de vocês, mas eu sou um infanto-satanista. Não que eu leve o meu visual muito a sério... na realidade, eu não levo a sério a mesmo... na realidade mesmo: Eu não levo nada a sério, porém sustento algumas camisas de bandas e acessórios, apenas por eu achar bonito e tals... e não para dizer - "Olha eu sou Rockstar, Sou foda". Essa típica frase que eu ouço muito de pceudo-metalheads. Masss.... continuando com a crônica.

Hoje eu estava trajando uma vestimenta de metaleiro, camisa do Slayer e um crucifixo com um pentagrama, até que não era nada demais. Por eu ter jogado vídeo game quase a tarde inteira, meus olhos estavam levemente vermelhos. Sim, como se eu tivesse acabado de terminar um baseado. 
Para voltar para casa, da forma mais trabalhadora que exite, peguei o ônibus das 18h. Lotado. Assim que entrei uma velha crente, não é preconceito é fato mesmo, se benzeu. Fez o sinal da cruz, chamou por Jesus, me olhou como se eu fosse o próprio Satã. Cara... Eu senti medo. Só faltava ela jogar água benta em mim. Talvez só faltasse a água, porque vontade era o que não faltava. Pensei - "É hoje que vou tirar o preconceito de crentes comigo". Aproveitando que não havia espaço do outro lado da catraca, fiquei ali mesmo, na área de assentos preferenciais. 

Outro fato sobre mim é que tenho uma voz bastante grave, grossa se preferir. Isso muitas vezes é visto, neste caso ouvido, como algo bom, agradável, mas tem outras vezes que acaba assustando as pessoas. 

- Para de se achar T.V!
Não tô me achando, eu posso provar. As pessoas não se assustam propriamente com minha voz, mas sim com a falta de costume de ouvir um tom baixo. Continuando...

Tinha dois bancos na frente dessa velha crente, um estava ocupado por um simpático senhor e o outro vazio. Fui até este senhor e pedi da forma mais educada possível a permissão de se sentar ao seu lado, sempre com um sorriso no rosto.  Da forma como falei e de como a velha me olhou foi claro que ela notou que pelo menos UM metaleiro no mundo não era mal educado. 

A viagem seguiu e uma ou duas quadras depois o senhor que estava sentado do meu lado saiu, e eu fiquei sozinho. Mais alguns minutos, duas senhoras entraram no ônibus. Então novamente, da forma mais educada possível, me alevantei e ofereci os bancos para elas. 

- Ah T.V você estava no assento preferencial, você tinha que oferecer os bancos.

Não, leitor. Aqui onde moro, ninguém irá fazer nada caso você não ofereça o banco. Tanto que havia outros dois adolescentes, também, em bancos preferenciais que não deram seus assentos para uma mulher grávida. Isso do outro lado da catraca, tá? 

Quando as duas idosas sentaram, olhei em redor do ônibus e vi que não somente a velha crente ficou surpresa com minha atitude, mas também o cobrador e outros passageiros mais próximos também pareciam ter ficado surpresos, ou mais ou menos com uma cara de - Como assim? Ele ofereceu o banco? Tá serto issu?  

E na hora que fui descer, o ônibus ainda estava cheio, fui pedindo com licença e desculpas em alto e bom som. E sempre sorrindo. Não que eu nunca sorria. Mas é que normalmente você só verá um sorriso em mim quando alguém esta sofrendo, ou eu estou sendo sarcástico e irônico. E isso irrita as pessoas, o que me faz sorrir mais ainda :)

Não vou ser hipócrita de dizer que sou sempre assim. Muitas vezes ofereço o meu banco para outra pessoa, mas em outras vezes não. E que sempre peço com licença e desculpas, normalmente sim, mas se não sair da frente, ou eu estiver estressado, empurro mesmo. 

Bem... Esse tipo de atitude de ser bem educado e gentil sempre é de forma espontânea em que faço, a diferença desta vez das outras é que eu fiz com um objetivo - o de tirar o preconceito da velha crente, e parece que não adiantou... Foda... 

Eu tendo a ser alguém gentil e carinhoso, mais quando estou vestido como um legitimo metaleiro, sou gentil e carinhoso em dobro.

Nenhum comentário :

Postar um comentário